“Não é porque alguns saem impune que Rafinha Bastos também deveria sair, um erro de um não justifica o erro do outro!”
Apoiando essa tese, vejo que nós, moralistas politicamente corretos, não estamos prestando atenção o bastante, estamos deixando escapar muita coisa e ainda temos uma longe jornada pela frente.

No programa humorístico “A Praça é Nossa” nos deparamos com a ridicularizarão de um policial que entrou para a força sendo homossexual, o Guarda Juju. Vemos a estereotipação de travestis mostrados como barraqueiros e escandalosos, freiras mostradas como golpistas, motoboys como malandros desonestos, a xenofobia direcionada às personagens como o velho Nho Morais e Nhá Barbina.

Além disso há zombaria quando se trata de classes sociais mostrado com o Mendigo Fileto Borges e Catifunda. O exemplo mais moderno é a empregada Filó, um estereótipo da pobre crédula ignorante.

Claro, também tínhamos o japonês Tanaka, que por ser japonês tinha que estar sempre trajando um kimono de judô e era sempre enganado por seu interprete que arrancava dinheiro do pobre coitado enquanto zombava dele, mostrando muito bem o nosso jeitinho brasileiro de lidar com a vida. 

É isso o que queremos brasileiros? 
É esse tipo de coisa ofensiva que queremos entrando em nossas casas? 
Eu acho que não…

Nas escolinhas (do Professor Raimundo/do Barulho/do Gugu) a estereotipação de alguns grupos fica tão óbvia que chega a ser ultrajante, por exemplo, personagens como Salim Muchiba, Samuel Blaustein, Gaúcho do Bonfá e Bertoldo Brecha não passam de piadinhas bobas culturais e regionais, espalhando xenofobia pelo Brasil a fora.

Temos o personagem Zé do Banjo, interpretado por Geraldo Magela, que é cego na vida real. Por mais que seja admirável que Magela tenha superado todas as dificuldades que sua deficiência lhe impõe e hoje consiga ganhar dinheiro fazendo piadas com isso, não podemos nos esquecer que muitos cegos sofrem diariamente com as mesmas dificuldades, são vítimas de discriminação e preconceito, logo esse tipo de piada não se torna aceitável e o personagem é ofensivo.

O machismo e a objetificação da mulher são óbvios nesse programa com a personagem “loira burra” Marylin Brasil, ao ser interpretada pela brilhante atriz Mari Alexandre, Marylin Brasil deixa claro para o espectador a idéia de que loiras burras existem simplesmente para nos entreter mostrando seus gigantescos seios.

O mesmo era feito com Dona XT, uma extraterrestre que falava das diferenças entre seu planeta e o planeta Terra, geralmente dando uma alfinetada no governo. Como uma mulher verde, gosmenta, com anteninhas não chamaria a atenção do público, optaram por usar novamente o artifício “peitos”, mas não para por aí, afinal, a personagem Fifi de Assis, aluna genial que sempre sabe de tudo, só é aclamada pelos colegas e professor quando tem um calor quando tira a nota 10 e exibe alguma parte de seu corpo escultural.

Confirmando tudo o que foi dito, temos Dona Linda Rosa, que ao responder a questão dada pelo professor tira a nota 05, mas tem mais 04 pontos de acréscimo devido a sua graciosidade! 

Pois é, mulheres bonitas tem quase 50% menos dificuldade para triunfar na vida. Algo que é até redundante ser dito, se uma panicat não fosse gostosa ao ponto de ser panicat, acho que ela não estaria exercendo uma carreira de neurocirurgiã.

Você abusaria de um débil mental, de um pobre viciado em drogas, da ignorância alheia, da falta de beleza ou cultura de alguém para lucrar com isso?

Não?
Bem, o Pânico na TV abusaria. E é em cima dessas situações que os bordões “Cadê o chinelo?”, “Adriano, ta me ouvindo?”, “Antonio Nunes!”, “É tipo Internet?” foram criados. 

Claro de todos esses achados, o que mais se destacou foi, o Zina que era chamado de “humorista” mas claramente só estava na hora certa, no lugar certo, mas não tinha a menor noção ou consciência do que estava se passando na sua vida, quando fazia as matérias para o Pânico na TV. Não importa se ele era nóia, louco, e que graças ao programa ele tenha conseguido fazer um bom pé de meia. 
Apesar de tudo isso o ponto é: Ele foi usado por um programa humorístico, esses humoristas maquiavélicos enfiaram uma chave nas costas do rapaz, deram corda e não se importaram com as conseqüências.

Se você é um daqueles que acha absurdo quando um comediante de stand up cita algum famoso em seu número, assim como Danilo Gentili fez com a Hebe, como Rafinha Bastos fez com Fabio Assunção, como TODO comediante de Stand Up do Brasil fez com a Preta Gil, você deve se revoltar demais ao ver o Pânico satirizando figuras públicas que tanto amamos como Datena, menina Maísa e Netinho de Paula

É revoltante como eles ridicularizam os nossos artistas favoritos com imitações tolas e ainda faltam com respeito a algumas celebridades como Luana Piovani ou o próprio Netinho, que foram forçados a partir para agressão física e mostrar para o humorista onde é seu lugar.

Chico Anysio disse em recente entrevista que o que Rafinha Bastos faz não é humor e que ele não o conhecia, logo ele não deve ser bom, afinal ele conhece todos os bons como Bruno Mazzeo… 

Achei isso de certa forma cômico, porque por mais que Chico Anysio esteja velho e esclerosado, isso não é desculpa para não conhecer o cara mais influente do Twitter, que por ventura é um colega de profissão. Normal, achou muito ofensivo algumas piadas que Rafinha e Gentili fizeram. O que é curioso é que VÁRIOS personagens de Chico Anysio como Baiano, Dr. Rousset, Divino, Albino, Alfacinha, Nazareno, Azambuja, Fukida, Fumaça, Paínho, entre todos outros são personagens que nos presenteiam com piadas de cunho machista, homofóbio e xenofóbico. 
 
Também há o personagem Valentino, uma criança que sofre assédio de uma menina mais velha, chamada Lolita, as piadas de cunho sexual, abuso infantil sendo protagonizadas por uma bela mulher vestida de criança só pode ser descrito como uma abominação, porque se piadas com estupro geram estupradores, esse tipo de piada gera pedófilos.

O que achei muito interessante enquanto pesquisava esse programa foi lembrar a polêmica do Twitter de Danilo Gentili quando ele lançou a piada: “King Kong, um macaco que depois que vai para a cidade e fica famoso pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?”

Foi um grande alvoroço, muitas pessoas se sentiram muito ofendidas, mas me chamou a atenção o quadro Café Bola Branca apresentado por Chico Anysio no Chico Total. Esse quadro mostra um bar só freqüentado por negros da forma mais estereótipo da malandragem possível e em um dos programa, Chico abre o sketch com o seguinte comentário:

“Dizem que o Café Bola Branca tem atrações suspeitas, é mentira, nenhum músico que se apresenta lá é suspeito, são todos condenados. Aliás, lá tem um conjunto ótimo formado por um assaltante de banco, um estelionatário e três ladrões de carro. Eles roubam o show! O problema é que os cinco só tocam cavaquinho (…) porque é o único instrumento que dá pra tocar algemado.”

Quer fontes?



Acho que depois disso, muitos comentários não são necessários. Diariamente somos bombardeados com mensagens horríveis que nos tornam monstros, mensagens de seres humanos desalmados que brincam com as diferenças das pessoas. E não se deixem enganar até os novos favoritos. Janete e Valéria. Uma moça é encoxada no metrô e a outra diz: “Aproveita, com mulher feia só assim”. 

Isso não lembra algo?
Não lembra uma piada que iniciou uma grande revolta contra Rafinha Bastos?
Ora vejam só é a mesma piada!

Acordem brasileiros! 
Nós não podemos deixar passar esse tipo de afronta só porque o humorista falando está usando roupas idiotas, um nome falso e perucas estravagantes. Não é porque é um personagem que o cunho da piada muda. 
De nada adianta crucificarmos Rafinha Bastos se todos esses outros lixos continuam a solta por ai, depredando nossos lares com suas pantomimas escrotas! 
Não podemos nos dar ao luxo de rir quando uma pessoa indiretamente sofre e se ofende com aquela piada. 
Já que optamos por ser tão mente abertas a ponto de fechar nossas mentes para qualquer tipo de comentário que nos faça parecer menos libertários e consequentemente menos “cool”, não podemos ter dois pesos e duas medidas, não podemos perdoar piadas que não nos ofendem tanto enquanto lutamos contra piadas tão maldosas quanto, mas que não afetam tanto nossa realidade! 
Temos que ser justos! 
Somos defensores de todas as minorias, não só das nossas favoritas!

TORNE-SE PARTE DISSO!
ABAIXO O HUMOR!!! 
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