Num belo domingo de sol, onde todos deveriam estar curtindo suas vidas e aproveitando o dia, estava eu lá, trabalhando. 
Sim meu caro leitor, trabalhando. E trabalhando para caramba, diga-se de passagem. Mas naquele domingo, as coisas foram um pouco mais diferentes. 
Estávamos em 12 plantonistas, teoricamente. No meio do dia notei que um dos caras havia se ausentado por um tempo muito grande. Como o ar condicionado fazia um barulho grande, não se ouvia nada além das nossas conversas. Bom, não se ouvia quase nada. Um barulho meio estranho soava junto ao do ar condicionado. Parecia um rugido ou um grito meio assustado. 

Não dava pra identificar direito. Fiz o famoso ‘xiiiiu’ e perguntei pra galera se alguém ouvia aquilo. Recebi vaias, obviamente. Novamente pedi silêncio e dessa vez eles escutaram esse tal rugido. Todos em silêncio. A pergunta agora era, de onde vem este som estranho. 
Fomos todos tentar encontrar o que era. Se fosse um filme de terror e tivesse um monstro ali, todos teríamos morrido. Passando pelo corredor, escutávamos com mais clareza quando chegávamos perto do banheiro. Era um leão, eu tinha quase certeza. Era outra dimensão, parecia um filme Scy-Fy. 
O rugido se intensificando e nós cada vez mais tensos. Abri a porta do banheiro e… nada. Aparentemente ninguém. Quando estávamos prestes a sair, a revelação veio…
… um ronco absurdamente alto. Eu nunca havia ouvido um ronco daquela altura. Coisa de filme mesmo. 
Inevitavelmente, as gargalhadas tomaram conta do local. Olhei por debaixo dos boxes e vi umas calças arreadas. O único box ocupado. O ronco vinha de lá. Não importava o barulho que a gente fazia, o cara ali dentro não acordava. 
Sugeri que os caras pegassem umas bolas molhadas de papel e que a gente jogasse todos juntos na cabeça do cidadão. Imaginem um cara dormindo, levando umas 20 bolinhas de papel molhado (ensopado) na cara. Foi muito papel. Uns ainda correram na pia e fizeram a segunda viagem. No total, mais de 40 bolinhas na cara. 
Bolinhas de papel extramamente molhadas. Quando o filhote de leão-preguiça acordou já era tarde. Nós já havíamos saído correndo do banheiro, rindo um monte. Só se dava pra escutar ‘não dá nem pra cagar em paz nessa p*rra!’
E quando mais ele falava isso, mais a gente ria. Desde então, ninguém mais chama “O Ronco” pelo nome. 

 

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