Quem já conheceu ou convive com um gago sabe o quão engraçado é. Desculpem-me os gagos, sei que é um problema “que não tem graça”, mas pra mim e pra muitas pessoas uma explicação em “gaguês” incita uma aflição e risadas interiores que tornam o discurso menos “sério”.
Esse texto não tem como objetivo atacar e nem ter um tom preconceituoso com ninguém. Se algo aqui escrito ferir seus sentimentos, mande-me um e-mail, pois odeio ficar no telefone e você vai demorar muito tempo até que consiga me xingar completamente.
O filme “O discurso do Rei” adapta uma parte da história da realeza britânica, a geração anterior à da Rainha Elizabeth, quando o avô dela morre e seu pai assume o trono.
Mas vamos ao que interessa: o pai dela era gago.
Venha comigo nessa viagem psicodélica e imagine o Lula (sim, rei Lula, o rei da massa) com gagueira, fazendo um discurso, coloque a voz dele em sua mente e repita:
“Co co co companheiros… Nu nu nunca na histó tó tó tória desse pa pa pa país…”
A sociedade intelectual já o critica pelo seu linguajar rústico, mas e se ele fosse realmente gago? No way. NINGUÉM conseguiria levar a sério o discurso, pelo menos imediatamente. Pois bem, se para o nosso querido ex-presidente já seria mais que hilário esse tipo de situação, com o Rei da Inglaterra, em tempos de guerra iminente com a Alemanha, seria um problema e tanto.
Bertie, o futuro imperador gago, procura ajuda com vários profissionais, mas nenhum deles consegue resolver ou pelo menos amenizar o problema. Tentando de todas as maneiras superar, sua mulher encontra um homem que ajuda pessoas com dificuldades na fala através de métodos psicológicos “heterodoxos”, e resolve levar Bertie até ele. Esse senhor se torna ao longo do filme o melhor amigo do imperador.
Particularmente fiquei fã do sujeito que conseguiu vencer a arrogância real e fazer amizade com Bertie, acrescentando também que o ator conseguiu colocar um tom de humor e deboche ao personagem. O filme tenta mostrar que Lionel (nome do terapeuta) tem um papel superimportante em todo o decorrer da vida política do rei, o qual não conseguiria sequer ser coroado sem as aulas de elocução.
Muitos dizem que o filme ajuda a melhorar a imagem da família real britânica, colocando um de seus integrantes em uma história de superação de um problema comum entre a “plebe”. Estamos cansados de saber que o cargo de Rei/Rainha e similares são pura consideração, coisa de britânico e seu conservadorismo anormal e implicante. Também estamos cientes que são pessoas comuns, mas com muita sorte de nascerem ricos e terem que trabalhar somente com relações públicas representativas, ou seja, viajam e comem com ricos. Considerando isso, o objetivo do filme, pra começo de conversa, já é jogado no lixo. Ou seja, filme feito pra puxar saco mesmo, dispensável. Lembrando que dispensável é diferente de ruim.
Temos nosso próprio gago do momento, Diogo do programa intelectual Big Brother Brazil, Grande Irmão Brasil em português (com a ajuda do Google Translator), que já provoca ira não só em seus colegas participantes, mas também em 99,9% dos espectadores que desejam a sua morte (com bastante tortura e regada a sangue fresco). Um ponto a mais pra teoria do gago engraçado!
Outro gaguinho famoso, e bem “alegre”, David Brazil, que acrescenta mais 1000 pontos para Grifinór… erm, à teoria.
Mais uma curiosidade: James Earl Jones, a voz do Darth Vader, nasceu gago. Darth Vader gago liderando exércitos!
Gostei razoavelmente do filme, a atuação e outros aspectos técnicos que, como já mencionei aqui, sou totalmente leigo, pareceram-me ser mil vezes melhor que a história em si.
Aí você me pergunta: pra que eu vou assistir esse filme?
E eu lhe respondo: a aproximação plebe-realeza através de problemas comuns e a amizade Bertie-Lionel, acrescentando a tensão de assumir o trono em período de guerra, faz você não desgrudar os olhos do filme do começo ao fim!
Não é o filme do ano, apesar de 300 mil indicações ao Oscar (12), mas você com certeza vai pensar melhor sobre o Hitler e vai concordar comigo que, apesar do demônio que ele era, seus discursos eram muito mais encorajadores que o de um gago. Por que o Diogo não nasceu nessa época, na Alemanha, com aparência nipônica? Ah, deixa quieto…
(TRAILER)
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